Campanha de Bolsonaro enfrentou percalços na reta final que custaram sua reeleição
Artigo - Por José Salotto Sobrinho*
Apesar dos revezes que Bolsonaro colheu ao longo do mandato, com enfrentamento à imprensa, ao STF e aos seus adversários, ele ainda conseguiu um grande êxito elegendo quase todos os seus ministros para os cargos de deputado federal, senador e governador. Emplacou aliados nos principais colégios eleitorais, a exemplo de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, sem falar nos estados do Sul. Se tivesse tido um comportamento mais educado no trato com as pessoas, com os governadores, o ganho poderia ter sido maior.
Mesmo ficando com seis milhões de votos a menos que seu adversário no primeiro turno das eleições presidenciais, o presidente se viu num patamar de crescimento com as alianças que fez para o segundo turno. O empenho dos governadores da região sul e sudeste deu musculatura à campanha, dando a entender que chegaria na frente de Lula na disputa do segundo turno. Mas, no meio do caminho tinha uma pedra. Uma não, várias pedras. E que pedras!
A primeira a mexer na estrutura do Messias, foi a navalhada do ex-deputado Roberto Jeferson, que ao discordar de uma decisão da Ministra Carmen Lúcia, desferiu palavrão contra ela. Imediatamente foi expedido um mandado de prisão contra ele. Até aí, ele estava coberto de razão, mas não soube tirar proveito da situação: recebeu a Polícia Federal a tiros e ainda atirou uma granada sobre eles. A agressão física aos policiais praticados por Jeferson causou grande mal estar no meio bolsonarista. De permeio, a oposição tirou proveito do desgaste.
Antes do presidente se refazer deste nocaute, veio outro em seguida. O Ministro Paulo Guedes, em uma reunião com o grupo da área econômica, deixou transparecer a necessidade de segurar o aumento real do salário mínimo para o próximo ano. O assunto vazou e, de novo, outra lasca foi arrancada do tronco da árvore bolsonarista.
Faltando quatro dias para as eleições, o Ministro das Comunicações Fábio Faria, resolveu anunciar o cerceamento da divulgação das mídias da campanha do presidente, afirmando que 154 mil inserções de spots para rádio deixaram de ser veiculados, culpando o Tribunal Superior Eleitoral. Como o presidente do órgão não acolheu a denúncia, ele "amarelou" e fez um pedido de desculpas ao Ministro Alexandre de Moraes. Essa atitude jogou por terra todas as narrativas do presidente de que as eleições não eram confiáveis.
Se não bastasse essas três derrapadas fortes num pequeno período da campanha, outra manobra mal feita foi a da deputada federal Carla Zambelli - talvez uma das mais aguerridas companheiras do presidente. Ela entrou em atrito com um grupo petista na cidade de São Paulo e na confusão correu como uma arma em punho atrás de um homem pela avenida. A cena lastimável trouxe grandes perdas para a campanha.
Daí, o ex-presidente Lula, com um passado comprometedor, "anunciando" a volta do grupo que, com ele, desviou grande quantia de dinheiro das principais estatais, além de ligação com grupos de tráfico de drogas e do apoio a ditaduras, ainda sim manteve a hegemonia da campanha e os votos para se eleger. Se tiver um governo voltado para os interesses da população, não terá dificuldades, haja vista o crescimento do Estado com as políticas adotadas pelo Ministro Paulo Guedes.
Do governo Bolsonaro, ficou a lição: muita coisa que quase ninguém sabia que acontecia nos porões do governo, agora o povo sabe. Essa vigília permanente por parte da oposição ensinou o brasileiro a se interessar mais pela política. Serviu também para ativar o patriotismo e a defesa da família. Hoje o nosso país será vigilante para evitar os desperdícios de recursos públicos comuns no passado. Vamos torcer para um 2023 com altivez!
*José Salotto é editor do jornal A Notícia e presidente da Academia Iunense de Letras.