Estudo diz que 69% dos casos suspeitos de violência sexual foram de meninas entre 0 e 17 anos

Estudo diz que 69% dos casos suspeitos de violência sexual foram de meninas entre 0 e 17 anos

O levantamento divulgado apontou o perfil das mulheres atendidas no Espaço Lilás, em Vitória

A Polícia Científica do Estado do Espírito Santo (PCIES), por meio do Departamento Psicossocial (DEPSIC) do Instituto Médico-Legal (IML) de Vitória, divulgou um levantamento sobre o perfil das mulheres atendidas no Espaço Lilás em casos de suspeita de violência sexual. O estudo revela que 69% das mulheres examinadas nesse contexto são de crianças e adolescentes (0 a 17 anos), o que evidencia a vulnerabilidade desse grupo.

A médica-legista Laís Coimbra Carvalho, chefe do Departamento Psicossocial, destacou que os principais tipos de violência de gênero registrados no Brasil são a física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. No entanto, o Espaço Lilás concentra sua atuação, sobretudo, nos casos de violência sexual e doméstica, por meio de exames periciais e acolhimento humanizado.

Laís Coimbra Carvalho tornou-se médica-legista em 2017 e atua no Espaço Lilás desde a sua fundação. "Nós realizamos os exames por solicitação dos delegados da Polícia Civil, mas também podemos ser acionados pela Polícia Federal e Ministério Público", explicou.

Entre 2019 e 2024, o Espaço Lilás realizou 6.530 exames de Sexologia Forense. A maior parte das vítimas atendidas era do sexo feminino: 82% (5.351). Dentro desse grupo, 69% (4.252) eram meninas menores de idade. A média anual da unidade é de aproximadamente 1.100 exames por ano.

A médica também destacou que casos de violência familiar e sexual apresentam elevada subnotificação. De acordo com pesquisa do Senado Federal, estima-se que 61% dos casos de violência doméstica e familiar contra mulheres não são notificados — fenômeno que se reproduz, de forma ainda mais intensa, quando as vítimas são do sexo masculino.

"Medo de retaliação, vergonha, desconfiança nas autoridades, falta de conhecimento e dependência econômica estão entre as causas de subnotificação nesses casos", completou a médica.

O Espaço Lilás

Criado dezembro de 2018, o Espaço Lilás tem como finalidade oferecer atendimento especializado, acolhedor e humanizado a mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência sexual e doméstica. Localizado no IML de Vitória, conta com consultório médico, sala de atendimento psicossocial, brinquedoteca e banheiro exclusivo, garantindo estrutura adequada ao cuidado das vítimas.

O serviço atende encaminhamentos das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), do Plantão e da Central de Teleflagrantes — geralmente já com solicitação de Medidas Protetivas de Urgência— além de vítimas enviadas pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

A unidade multiprofissional é composta por médicos, psicólogas e assistentes sociais, predominantemente do sexo feminino, assegurando acolhimento sigiloso, qualificado, estruturado para minimizar a revitimização. Além da realização de exames periciais necessários às investigações e ao judiciário, o atendimento inclui encaminhamentos à rede de proteção, fortalecendo a dignidade das vítimas e contribuindo para o enfrentamento da violência.


Com informações da Polícia Científica

 

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