Briga em reunião espírita vira música de sucesso

Briga em reunião espírita vira música de sucesso

Fato aconteceu no município de Ibatiba

A localidade de Santa Maria, município de Ibatiba, é um dos lugares da região do Caparaó, com uma cultura popular muito diversificada. Lá, tem sanfoneiro para todo lado, tem cantador de versos, contador de causos, culinária riquíssima e mulher boa de briga também.

Pegando um gancho na regravação de uma música, lançada no programa "Domingão na Roça" da Rádio Mania de Ibatiba, comandado pelos comunicadores Acanhado e Olindo do Dé, fomos até a localidade de Santa Maria, conhecer mais das raízes que trouxeram à tona, a música "Briga Bonita", composição feita a mais de cinquenta e cinco anos. Esse projeto é uma parceria do Jornal A Notícia e Rádio Mania, com apoio da diretora da Emissora Edna Fadlala Ribeiro

O que me aguçou ainda mais a curiosidade foi saber que a letra da música retrata uma briga por ciúmes durante uma sessão espírita, cujo presidente dos trabalhos era o Senhor Alcendino José Pereira, pessoa muito tradicional na comunidade, mas que, o acontecimento se deu entre duas mulheres, por ciúmes dele.

O lançamento da música aconteceu no programa "Domingão na Roça" da Rádio Mania, no domingo dia 11 de abril, causando grande repercussão. A música foi regravada em um Studio fonográfico em uma cidade de alto Piquiri-Paraná, com uma mixagem profissional, sem descaracterizar o som dos instrumentos originais, inclusive o ritmo da composição original de autoria da dupla Amâncio e Vicente!

Segundo o programador da Rádio, Olindo do Dé, essa música foi sucesso nas comunidades de Santa Maria de Cima, Santa Maria de Baixo e no Córrego dos Teodoro. Segundo ele, impossível era fazer um baile, uma festa de comunidade, um encontro de violeiros, sem que a música "Briga Bonita" fosse tocada.

Segundo Acanhado, nos idos de 1990, um palhaço da Folia de Reis e cantador de versos, da Comunidade de Santa Maria, Nadir da Chica, mudou-se para Santa Clara do Caparaó, região do entorno do Parque Nacional do Caparaó e lá fez muito sucesso cantando a música "Briga Bonita", nos bailes e nas festas.




Confusão

A briga das duas mulheres, aconteceu na casa de uma vizinha com umas 15 pessoas em uma sessão espírita, cujo presidente da sessão era Alcendino José Pereira, parte do triangulo amoroso. Segundo conta Maria Faustina da Silva (foto abaixo), há mais de 50 anos, na comunidade de Santa Maria de Ibatiba, ela estava separada de Alcendino há seis meses. Alcendino teria levado Maria Benedita para morar com ele.




Nessa reunião, realizada na casa de uma comadre dela, ela e a desafeta se encontraram e formou-se a maior confusão. Quando Maria Faustina foi passar da sala para cozinha, onde estava acontecendo a reunião, deparou com Maria Benedita sentada próximo da porta. Maria Benedita fez careta e língua para Faustina. Nisso, Maria Faustina deu um cruzado de direita (soco) no ouvido da desafeta, jogando-a no chão.

Neste momento, os médiuns correram para socorrer a vítima e outros saltaram para fora da casa e foram embora. A sessão acabou e Alcendino saiu em disparada, indo embora para casa. A comadre Nozia, dona da Casa, queria chamar o delegado, caso o Alcendino não voltasse para terminar a sessão.

A música relatando o fato, feita por dois moradores da localidade, os irmãos Vicente e Amâncio Teodoro da Silva, primos de Alcendino, fez muito sucesso na região. Chegou a ter um CD gravado no Rio de janeiro.

Nadir, um calangueiro da região de Santa Maria de Ibatiba, palhaço das Folias de Reis, do Amâncio e depois do Antônio Silvério, puxador de ponto no centro espírita, leitor de sorte a partir dos traços das mãos das pessoas. Homem que também atravessava fogueira na noite de São João e também tinha fama de abrir porta com a cabeça, foi um divulgador da música "Briga Bonita".


Ele mudou-se para Santa Clara do Caparaó, lugar fértil também para estas culturas populares, e lá por quatorze anos frequentava bailes e festas cantando a música "Briga Bonita".



Nadir com esposa e filha, ladeando Acanhado



Briga bonita

La no córrego dos Teodoro teve um briga bonita

Da Maria Faustina com a Maria Benedita

Isso foi acontecido numa oração espírita

Presidente quando viu, correu que virou uma fita

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Coitado do Alcendino passou da banda apurada,

de ver sua esposa batendo na sua amada.

Na hora ele disse assim eu não fazer oração e nada

Foi saindo na carreira deixando as véias espiritadas

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Mais lá, tinha uma senhora que imaginou bem imaginado

Correu atras dele, volta cá seu mascarado

Você abriu a seção, agora vai saíndo de lado

Se ocê não voltar vou dar parte ao delegado

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A Maria Faustina na hora ainda disse assim

eu queria te encontrar era no meio do camim

Mais aqui nos encontramos, você fez careta pra mim

Por isso que eu te dei esse murraço no fucim

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Esse murro que eu te dei, fiquei com braço adormecido

Eu dei pra pegar na venta, acertou seus ouvido,

Se você tivesse em pé, você tinha até caído.

Eu jurei de te matar, que ocê tomou o meu marido.

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Maria Benedita disse: essa marvada me bateu

Mais eu não sou a curpada dela ser mais feia do que eu

Ai Maria Faustina nessa hora esclareceu,

não adianta botar banca, que ele e meu e não é seu! 

 

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