Os evangélicos em Iúna

Os evangélicos em Iúna

Uma breve história sobre a chegada da fé evangélica no município


Os adeptos da fé evangélica, muitas vezes chamados "protestantes", desde os primórdios de sua trajetória histórica, se dedicam à expansão da obra missionária, ou seja, a difusão da mensagem do Evangelho, cumprindo uma determinação do próprio Jesus Cristo, que está registrada em Marcos 16:15: "Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura".

Originário da Bahia, o Pastor Francisco José da Silva foi considerado o "pioneiro" no Estado do Espírito Santo, pois foi ele o primeiro pastor evangélico a se fixar no Estado e com o apoio dos missionários Dr. Zacarias C. Taylor, Alberto Lafayette Dunstan e do leigo Jorge Claro, foi organizada em 21 de agosto de 1903 a 1ª Igreja Batista no Estado do Espírito Santo, em Alto Firme (na época município de Afonso Cláudio e hoje Brejetuba), com 60 membros.

A partir de setembro de 1903 com a organização das igrejas em Itarana e Vitória estava estabelecido o trabalho evangélico no Estado do Espírito Santo e os pastores e leigos iniciaram a difusão pelas cidades, vilas e nos mais distantes rincões, num processo lento e devido às dificuldades de transporte e comunicação.

Foi assim que ainda no inicio do século, procedente de Alto Jequitibá (MG), um colportor evangelista (vendedor de Bíblias) tentou entrar no Estado do Espírito Santo pelo então município de Rio Pardo (Iúna) mas infelizmente, na localidade de Santana do José Pedro (hoje Pequiá), teve sua carga retirada das mulas que a transportava e queimada em praça publica por um grupo de pessoas do local, cegas pela intolerância religiosa.

Na década de 1910, outros pastores presbiterianos procedentes de Alto Jequitibá passaram pela Villa do Rio Pardo (Iúna) e visitaram a liderança política, bem como os principais comerciantes locais, falando-lhes da mensagem do Evangelho, mas sem obter adeptos que pudessem organizar um trabalho regular e assim iniciar uma igreja, conforme registraram em suas anotações.
Somente em 1926, um evangelista batista, após sua passagem por Muniz Freire, chegou também a Rio Pardo (Iúna) e por sua atuação missionária, se converteu à fé evangélica o Sr. José Colleta de Barros, importante fazendeiro na localidade de Barra da Perdição.

A conversão do fazendeiro se deu assim: o viajante/evangelista pediu pousada na fazenda, onde à noite ficou sabendo que uma das filhas daquela família sofria com uma enfermidade. Pediu autorização para orar pela enferma e disse que se ela ficasse curada, gostaria de ler a Bíblia, falar do evangelho e cantar um hino. Com permissão do pai de família, orou, a enfermidade logo cessou. Com a leitura bíblica, pregação e cânticos o chefe daquele lar se converteu à fé evangélica. Posteriormente a matriarca Ephigência Colleta de Barros, demais irmãos e irmãs da mesma família professaram a mesma fé.

Em 1926, com a conversão de outros moradores da cidade, sendo os dois primeiros: Ernesto Rosa da Fonseca e Arthur Canabarro, foi organizada a Congregação Baptista do Rio Pardo, que se reunia na Fazenda Colleta e estava ligada à Igreja Baptista de Castelo. Naquele ano de 1926 o Pr. Carlos Leimann batizou os primeiros crentes no Ribeirão da Perdição, após pública profissão de fé, conforme crêem os batistas.

Muitas outras famílias se juntaram aos Colleta de Barros: os Pevidor de Almeida, Valverde, Gama, Salles de Abreu, Ribeiro de Almeida, Scardini Justo, Batista de Assis, Batista Gomes, Domingos dos Santos, Ferreira de Lemos, Almeida, Gomes, Alves de Assis, dentre outras e assim, a igreja foi organizada em 23 de setembro de 1928, tendo como seu primeiro dirigente o missionário de origem leta, Pr. Carlos Leimann.

A igreja se reuniu nos porões da Fazenda Colleta, até que no inicio da década de 1930 foi inaugurado o seu primeiro templo, construído em alvenaria e com os seus esteios de braúna. Além do salão de cultos, possui o local do côro e salas para a Escola Dominical. Além de uma frondosa árvore de figueira que abrigava aos domingos, entre as suas catanas, diversas classes para EBD.

Em 1950 com a venda da Fazenda Colleta, o templo foi demolido e a igreja transferiu sua sede para o povoado do Manduca (Perdição), onde se encontra atualmente, com a denominação de: "Primeira Igreja Batista de Iúna". 

Pr. Carlos Leimann e família.
Segundo templo, construído em 1950.
O mesmo templo, em 1998 com a torre.

A Primeira Igreja Batista de Iúna foi a 1ª. igreja evangélica organizada no Caparaó Capixaba.

Pesquisa e texto: Dr. Roberto Carlos Scardino Justo Marcondi
Da Academia Iunense de Letras

 

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