Não se engane 2

Não se engane 2

Eleições municipais não são um farol da presidencial

Apesar do barulho, as eleições municipais têm pouco reflexo na presidencial

Dando sequência ao texto de mesmo título, segue os pontos nevrálgicos e análises do último pleito municipal.

4º) "O lavajatismo saiu enfraquecido". Correto. A lista de candidatos que foram ao menos para o segundo turno e que têm apelido nas planilhas da Odebrecht é enorme: Eduardo Paes, o "Nervosinho", levou a capital do Rio de Janeiro; ACM Neto, o "Anão", elegeu seu poste em Salvador já no primeiro turno; Manuela D´avila, o "Avião", chegou a figurar na campanha como favorita, apesar de não ter sido eleita. Os exemplos se repetem por quase todo o país. Creio, infelizmente, que o sentimento de achar que "todo político é igual" deva ganhar força em 2020. Dinâmica antipolítica saiu enfraquecida junto do lavajatismo.

5º) "Chamar os outros de fascista não dá voto". Correto. Tudo virou fascismo na cabeça de alguns. Nada virou fascismo na cabeça de outros. O brasileiro médio não acorda com medo do soldado do Mussolini, nem do soldado do Hitler, nem do soldado do Getúlio Vargas. O medo é do trombadinha, do traficante e do sequestrador de menores. Enquanto parte da esquerda não entender isto e continuar vendo fantasma ideológico em cada esquina, vão continuar sendo triturados nas eleições majoritárias, e levando apenas parte das proporcionais, se limitando a conversar com convertidos.

6º) "Covas se gabaritou para ser tucano de 2022". Incorreto. Na verdade o grande vencedor das eleições de São Paulo foi o NÃO-voto. Brancos, nulos e abstenções somaram 40,6%. Em bom português: nenhum candidato inspirou o eleitor. Qualquer tucano, para ser viável no plano nacional, teria que arrancar do estado de São Paulo com votação expressiva. Dado o último pleito, não se sabe se Covas teria ao menos a certeza de vitória dentro de casa. Ir buscar votos no Nordeste, Norte e Centro Oeste é muito complicado, são fortes bases bolsonaristas e petistas, que dificilmente farão uma guinada tão grande em 2022. Quem ganhou em São Paulo, na verdade, foi a inércia.

7º) "Centro sai fortalecido". Meia verdade. É normal os analistas políticos chamarem o Centro de "Centrão". Isto polui e confunde o debate. Centro são partidos como o DEM, PSDB, NOVO e Cidadania. Estão pouco dispostos a negociar votações em troca de cargos menores. O preço do apoio costuma ser caro, ou no caso do NOVO, o apoio só se dá pauta a pauta, sem aceitar carguismo. Já o centrão opera no pequeno varejo: PP, PL, PTB, Republicanos, Solidariedade, Avante, Patriota e PROS. São considerados as putas baratas, dormem com qualquer um. Todos têm musculatura municipal, porém nenhum tem uma cabeça nacional capaz de partir com 15% das intenções de voto do eleitorado. E isto, como qualquer cientista político sabe, é esperar um milagre nas urnas.

 

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Sexta, 29 Março 2024

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