A política capixaba para 2026 aos olhos de quem vê!
Artigo de José Salotto
A política do Espírito Santo começa a delinear o que virá no próximo ano com os acontecimentos recentes no nosso estado. O vai e vem de negociações e nomeações vai dando o contorno do corpo político que será desenhado para o próximo ano, quando serão realizadas campanhas para presidente da república, senadores e deputado federal e estadual.
Dentro do Governo do Estado, a ordem é agrupar o maior número possível de lideranças políticas para o grande projeto preparado pelo Governador Renato Casagrande em busca da eleição de Ricardo Ferraço como seu sucessor. Vários ex-prefeitos com mandatos encerrados em dezembro passado já estão agasalhados em secretarias de destaque, visando formação de chapas para disputa de vagas à Assembleia Legislativa e a Câmara Federal.
Por outro lado, certas coisas não encaixam bem, deixando rupturas que podem causar perdas no futuro. Recentemente, o governo havia comemorado um acordo fechado com o Deputado Federal Josias da Vitória, no qual o PP – Partido Progressista estará ao lado do atual governo para o projeto de 2026. Entretanto, nessa semana, o deputado deu duas demonstrações de insatisfação com o ninho da esquerda.
Na primeira, veio o pronunciamento na Câmara Federal manifestando a favor da anistia para os condenados no ato de 8 de janeiro, bandeira contrária aos interesses da esquerda. Inclusive ele já adiantou seu voto em caso de o projeto da anistia ser colocado em votação. Na segunda manifestação, em outro discurso na Câmara, Da Vitória criticou veemente os governos estadual e federal por permitir a ação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em invasão de propriedades no norte do estado. Esse mesmo MST foi homenageado pelo governador recentemente.
Outra rachadura difícil de remendar está a relação do Deputado Federal Gilson Daniel (Podemos) com o governo. Teria havido desde o início do atual mandato uma conversa de que a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) seria oferecida ao deputado. No entanto, para a aproximação do ex-governador Paulo Hartung para o projeto de eleição de Ricardo Ferraço, a secretaria foi oferecida a Ênio Bergoli, aliado de Paulo e Ricardo.
Mais recentemente, o governo deixou escapar que a dificuldade de entregar a agricultura a Gilson estaria no fato de o suplente de Gilson, Coronel Ramalho, ser um desafeto do Governador. Dentre outros percalços, o governador anunciou a candidatura da Secretária de Governo Emanuela Pedroso a Deputada Federal. Ela foi colocada no governo, no passado, pelas mãos de Gilson e, queira ou não, ainda seria uma via que poderia lhe ajudar muito numa próxima eleição.
Com esses desarranjos, o irmão de Gilson, empregado do governo Casagrande, deixou o posto para aceitar um cargo na Prefeitura de Vitória, que tem como prefeito o pretenso candidato a governador, Lorenzo Pazolini. Inclusive, na Secretaria de Governo da Prefeitura, outro desafeto do governador, ex-deputado Erick Musso.
No início dessa semana, ganhou manchetes na imprensa o discurso do deputado Gilson na Câmara Federal, também defendendo a anistia aos condenados do movimento de 8 de janeiro. Com os fatos pretéritos e esse discurso na Câmara, a posição política do deputado inclina muito para se juntar ao grupo da direita que disputará o governo em 2026 contra o candidato de Casagrande.
A resposta veio de imediato. O governador convidou o prefeito de Vila Velha, Arnaldo Borgo Filho, a deixar o Podemos, partido de Gilson Daniel, e se agasalhar no ninho do PSB. O prefeito já não teria compatibilidade com Gilson, o presidente do partido no estado, desde antes das últimas eleições municipais.
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