Covid-19: cobertura vacinal de crianças e adolescentes segue baixa no Brasil

Covid-19: cobertura vacinal de crianças e adolescentes segue baixa no Brasil

  Cobertura está nos 23% entre 3 a 4 anos de idade, para duas doses, e 7% no esquema vacinal completo, enquanto entre 5 e 11 anos, 55,9% tomaram duas doses e 12,8%, três doses

Foto José Cruz / Agência Brasil

Quatro anos após o início da pandemia de Covid-19 e pouco mais de três anos após o início da vacinação no Brasil, a cobertura vacinal em crianças e adolescentes continua baixa. É o que aponta estudo realizado pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Unifase.

De acordo com a análise feita pelo Observa Infância, os dados do Ministério da Saúde (MS) sobre a vacinação contra a Covid-19, de fevereiro deste ano, os números mostram que a cobertura vacinal em crianças de 3 a 4 anos está em 23%, para duas doses, e apenas 7% para o esquema vacinal completo com três doses. Na faixa de 5 a 11 anos, a cobertura sobe para 55,9%, com duas doses, e 12,8% completando o esquema com três doses.

Ou seja, de acordo com o boletim, a cobertura vacinal, entre crianças e adolescentes até 14 anos, está em 11,4%. Dado semelhante ao percentual de 14,9% observado na população adulta (considerando o esquema completo com as quatro doses da vacina). Isso mostra uma baixa cobertura vacinal contra a Covid-19 em todas as idades.

Queda no número de óbitos

O estudo ainda mostra uma queda no número de óbitos, nessa faixa etária, após o início da vacinação, o que indica a eficácia da vacina. No entanto, a baixa procura pela imunização ainda preocupa. O Observatório alerta, no documento, que isso está associado à continuidade da mortalidade pela doença.

O Observa Infância analisou os dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica de Gripe (Sivep-Gripe/Fiocruz) das oito primeiras semanas epidemiológicas de cada ano, entre 2021 e 2024. No período em questão, no ano de 2021, foram registradas 118 mortes por Covid-19, entre crianças e adolescentes até 14 anos, o que corresponde a 38,3% dos 308 óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O mesmo período de 2022 registrou um total de 326 mortes por Covid-19, nesta faixa etária, o que representou quase a metade (47,1%) das mortes por SRAG (692).

Vacina segura e eficiente

Já em 2023, com a vacinação contra a Covid-19 disponível para crianças, a partir dos seis meses, no Brasil, houve queda nos números de mortes. Foram registrados 50 óbitos pela doença nas primeiras oito semanas do ano, entre crianças e adolescentes até 14 anos., de acordo com o boletim, isso corresponde a 24,5% do total de óbitos por SRAG (204), no mesmo ano e período. Também nas primeiras oito semanas de 2024, foram observadas 48 mortes por Covid-19, na mesma faixa etária, representando 32,4% das mortes por SRAG (148).

Diante do quadro, o pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e coordenador do Observa Infância, Cristiano Boccolini, destaca que a análise mostra que o país conta com uma vacina segura, eficiente e disponível em todos os municípios, o que pode garantir segurança em saúde, numa época em que há outras doenças circulando. "Precisamos usar o recurso que nós temos para garantir a saúde das crianças, especialmente, em um cenário desfavorável, com a circulação de outras doenças perigosas, como a dengue", alerta.

Observa Infância

O Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) é uma iniciativa de divulgação científica para levar ao conhecimento da sociedade dados e informações sobre a saúde de crianças de até 5 anos. O objetivo é ampliar o acesso à informação qualificada e facilitar a compreensão sobre dados obtidos junto aos sistemas nacionais de informação.

As evidências científicas trabalhadas são resultado de investigações desenvolvidas pelos pesquisadores Patrícia e Cristiano Boccolini, no âmbito do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). Além da Faculdade de Medicina de Petrópolis, do Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto (FMP/Unifase), com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.

Com informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) 

 

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