Governador Casagrande afirma que tarifaço de Trump é inaceitável e desajustado
Renato Casagrande concedeu entrevista para falar sobre as tarifas do Governo Trump sobre produtos brasileiros e consequências para o Espírito Santo
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, concedeu uma entrevista coletiva, no início da tarde desta quinta-feira (10), para falar sobre as tarifas do Governo Trump sobre produtos brasileiros. A entrevista foi concedida no Palácio Anchieta e, também, teve a participação do vice-governador Ricardo Ferraço e do secretário do estado de Desenvolvimento, Sérgio Vidigal.
O governador começou falando sobre a relação histórica entre Brasil e Estados Unidos, muito produtiva para os dois países, "sendo superavitária para o Estados Unidos, mas sempre de muito respeito e diálogo, muita diplomacia". "Mas o presidente Trump estabeleceu uma guerra tarifária, na qual tudo que acontece e ele não concorda, sua primeira ação é de aplicar tarifas, como sua única arma para alcançar alguns objetivos", afirmou Casagrande.
Sobre a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, Renato Casagrande disse que a decisão é inaceitável, sem base em qualquer bom senso para o debate ou relação diplomática. "Até porque o argumento inicial, na carta enviada ao presidente Lula, é político e ideológico", destacou. "Pela primeira vez, aparece, no radar econômico mundial, uma razão como essa para estabelecer uma tarifa", completou.
Força
O governador do Espírito Santo afirmou que o Governo Federal e os brasileiros precisam reagir, "com força", contra qualquer tentativa de ameaças às suas instituições, sejam elas dos Estados Unidos ou qualquer outro país. "Porque é preciso manter o respeito à nossa soberania, ao funcionamento institucional e da democracia brasileira", enfatizou.
Já na área econômica, para Casagrande, é preciso agir com cautela. "É preciso ter paciência, conversar com todos os setores da economia, já que temos um prazo até 1º de agosto para vermos o comportamento do governo norte-americano, porque se é prejuízo para nós, também é para eles, porque exportamos produtos para lá que poderão encarecer a vida da população dos Estados Unidos e, inclusive, prejudicar o funcionamento de algumas empresas", ressaltou o governador.
Renato Casagrande colocou que é preciso cautela, para não entrar em uma guerra tarifária. "Não pode ser um duelo, para termos menos prejuízo, porque já estamos tendo", afirmou. "Quando se cria uma instabilidade, como estamos assistindo no mundo, a partir da posse do presidente Trump, se torna algo presente que provoca a elevação do valor do dólar, o descontrole da inflação, e isso tem peso sobre o trabalhador, o empreendedor, sobre os brasileiros", pontuou.
Espírito Santo
Sobre as consequências no Espírito Santo, Renato Casagrande afirmou que isso afeta o governo capixaba, porque existem setores da economia que exportam para os Estados Unidos, como o de pedras ornamentais, café, aço, petróleo e outros produtos da agricultura. "Isso afeta o ânimo dos investidores capixabas, numa hora em que vivemos um momento muito bom no Espírito Santo, porque todo cidadão fica com o pé no freio, adiando investimentos, uma compra", ressaltou. "Não se sabe o que vai acontecer, diante das guerras bélicas e tarifárias do presidente Trump", acrescentou.
Por isso, segundo Casagrande, a posição do Estado também deve ser cautelosa, para observar e avaliar os próximos passos da relação institucional e diplomática feita pelo governo central. E ressalta que a situação é mais delicada em setores como o do aço, porque é o produto mais exportado para os Estados Unidos. "Poderá haver uma redução do mercado americano e as empresas precisarão buscar outros mercados e isso pode causar uma redução da atividade econômica", afirmou.
Os Estados Unidos também compõem um mercado importante paras as pedras ornamentais e o petróleo produzidos no Espírito Santo. "São diversos pontos negativos para nossa economia, mas também poderá ser negativo para a economia americana, porque pode haver aumento de custo de produção lá", destacou.
Política
O governador Renato Casagrande também disse não saber se há uma estratégia política por trás da decisão do presidente Trump, para beneficiar algum grupo político em nível nacional. E ressaltou que o Brasil sempre colocou as relações comerciais acima das ideológicas. Por isso, acha que o governo precisa reagir na parte política e ter calma na questão econômica. "O Brasil foi o único taxado com um percentual desse, tendo uma relação desfavorável para os Estados Unidos, por isso, não tem argumento econômico para ser mantido, numa avaliação minha", disse.
E, segundo ele, se houver alguma estratégia que envolva a oposição política ao presidente Lula, em sua opinião, a decisão tomada pelo presidente Trump é tão desajustada que acaba dando argumento para os apoiadores do presidente Lula. "É cedo para avaliar se alguém vai sair ganhando politicamente com isso tudo", afirmou. "Se a situação se ajustar com o tempo, terá pouco efeito no processo eleitoral, mas se não se ajustar, pode ter um efeito ruim para quem produziu e provocou essa decisão", completou.
Comentários: