O Presidente da Fetaes – Federação dos Trabalhadores Rurais do Estado do Espírito Santo, Julio Cezar Mendel, esteve em Iúna nesta sexta-feira (28), cumprindo uma agenda de trabalho. Ele foi recebido na sede do STR - Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iúna e Irupi, pelo presidente Jasseir Fernandes, demais membros da diretoria e servidores.

Julio Cezar, natural do vizinho município de Jerônimo Monteiro, preside a Fetaes no segundo mandato consecutivo. Graças ao prestígio junto às organizações sindicais do Estado, tem garantido espaços importantes junto às instituições de classe na esfera federal. Em entrevista exclusiva ao jornal A Notícia, Julio fala dos avanços sociais conquistados pela sociedade brasileira a partir das lutas dos sindicatos e seus representantes.

A Notícia – Julio, qual o objetivo de sua vinda a Iúna?

JULIO – Tenho vários amigos e tem o Sindicato dos Trabalhadores Rurais filiado à Fetaes. Nossa vinda aqui hoje é justamente isso, cumprir nosso papel de presidente, que é ir aos municípios conhecer os anseios da sociedade para intervir junto ao poder público municipal, estadual e federal, buscando as melhorias para os trabalhadores e trabalhadoras rurais.

A Notícia – Ao longo do tempo, quais têm sido as conquistas dos trabalhadores?

JULIO – A luta da agricultura vem ao longo do tempo, desde que o Brasil foi descoberto. Em relação a direitos, foi com a Constituição Federal de 88, com aposentadoria rural. Daí pra cá veio uma série de conquistas, uma delas o Pronaf, grande captador de recursos do Estado do Espírito Santo e do município de Iúna, um dos municípios que capta muito recurso e isso ajuda no desenvolvimento social e econômico do município.

Veio também o Programa Nacional de Crédito Fundiário, que oportunizou às pessoas que não tinha condições de ter uma propriedade e hoje pode possuir sua terra; O Programa Nacional de Habitação Rural é outra conquista importante: só na coordenação da Fetaes foram entregues mais de 800 unidades habitacionais, sendo quase 500 unidades só na minha gestão, isso também significa qualidade de vida.

Outro trabalho forte foi feito também na organização da produção e comercialização através das cooperativas; Mais um avanço é o trabalho focado muito na juventude e nas mulheres. Entendemos que para ter um ponto que de fato aconteça à sucessão rural, não pode ficar só no discurso, é preciso de políticas públicas para a juventude e para as mulheres. Prova disso é que a agricultura familiar surgiu pelas mãos das mulheres e hoje não tem essa visibilidade. Então, buscando espaço para esses dois seguimentos, a Federação criou uma secretaria específica de mulheres e outra de jovens. Eu fui o primeiro coordenador da juventude no Estado do Espírito Santo.

A Notícia – Se a reforma da previdência tivesse sido aprovada com as mulheres obrigadas a esperar os 60 anos para se aposentar, qual teria sido o impacto para a sociedade?

JULIO – Seria um impacto negativo imenso. No início a proposta previa 62 anos para as mulheres, depois baixaram para 60 e finalmente voltou para 55 anos. Mantém-se a proposta inicial, seria um prejuízo social e financeiro enorme porque chegariam menos recursos nos municípios. Em Iúna, por exemplo, em 2018 chegaram 45 milhões de reais através de benefícios da previdência. Elevar a idade da mulher significa dizer que teria aí um espaço vago sem benefício, deixaria de entrar recursos no município, sem falar que uma trabalhadora rural que começou a trabalhar muito jovem e só aposentar aos 62 anos de idade, olha quanto sofrimento? Imagina o comércio de Iúna sem os benefícios da previdência? Então, todo esforço das organizações sindicais tem trazido enorme benefícios à sociedade e ao poder público.

A Notícia – Tem acontecido fraudes por instituições financeiras juntos aos bancos oficiais do governo com o golpe do consignado em cima dos aposentados. O que a Fetaes tem feito para evitar isso?

JULIO – Fomos surpreendidos com informação de que vários aposentados tiveram fraudes com consignados em suas contas bancárias, sem autorização. Em Santa Maria de Jetibá isso foi comprovado. Estamos orientando os aposentados a tirar extrato das contas para ver se não tem dinheiro creditado. Se observar um saldo maior na conta bancária, procurar o sindicato para o jurídico auxiliar na busca de informação, até ingressar com uma ação judicial para combater a fraude contra os aposentados.

A Notícia – O Pronaf impacta no desenvolvimento do município?

JULIO – É um custeio de juro baixo com prazo longo para pagar. Ele promove a melhoria da propriedades, aumenta a produção, consequentemente aumenta a circulação de dinheiro nos municípios.

A Notícia – O que a Fetaes tem feito em favor do meio ambiente?

JULIO – Temos uma secretaria de meio ambiente, que orienta os produtores. Temos observado que quem preserva são pequenos proprietários, obedecem às leis quanto à delimitação dos córregos, reflorestam, enfim, cuidam do meio ambiente. Eles sabem que se não preservar, no futuro não vão produzir.

A Notícia – Uma das doze vagas de diretor da CONTAG - Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares são do ES. Como você conseguiu essa proeza, se tem muitos estados maiores nessa disputa?

JULIO – Não é um trabalho só nosso, tem outros 60 sindicatos do estado juntos. E um trabalho de um movimento sindical do ES, graças a uma boa articulação junto a outros grupos para garantir a nossa vaga. Hoje, somos respeitados no Brasil e fora dele, graças a esse espaço que conquistamos na CONTAG.

A Notícia – Uma mensagem do nosso presidente da Fetaes aos trabalhadores e trabalhadoras rurais da região do Caparaó.

JULIO – Primeiro, é que não percamos a esperanças, estamos passando um período de pandemia, onde toda a sociedade foi impactada, principalmente na agricultura. Independente da categoria a que pertence, temos que nos juntar, nos unir. Sou filho daqui de Jerônimo Monteiro e por isso, amo o Caparaó. Minha mensagem é de união, desejando um futuro melhor a todos !